[Meio longo, mas é o último da série]
Analisando as figuras mais populares dessa eleição (e as menos também), fica difícil não esboçar certo sorriso. Seja de aflição ou de puro desdém. Devo concordar com um amigo meu que comentou nessa coluna: A Srta. Suely é realmente um caso à parte. Que dicção!
Contudo, ainda é preocupante a obscura realidade existente dentro dos salões de Niemeyer (que espécie de nome é esse? Niemeyer? uma espécie de novo méier?), o que acontecerá nos próximos quatro anos? Qual cenário devemos esperar? E de que forma devemos nos portar? Como cigarras ou formigas preparadas para um longo inverno?
Os quatro personagens mais populares são (em ordem alfabética) Cristóvam Buarque, Geraldo Alckmin, Heloísa Helena e Lula da Silva. Para satisfazer outra leitora amiga (que disse que eu estava perdendo a poesia!), afirmo que é possível comparar cada um dos candidatos a uma estação do ano. Mas a casa não o fará. Deixará aos eleitores a conclusão. Entretanto, não será pecado transparecer o delineado olhar do autor – que adora reparar em gente – e não consegue se segurar ao fazê-lo.
O primeiro candidato é o gerente de conta bancária premium Geraldo Alckmin. A coluna confessa certo entrosamento com seu modo de ser. É de uma timidez aparente, que torna seu entendimento quase parte do autor. Geraldo é médico, e ostenta um perfeito corte de cabelo (mesmo sendo calvo). É invejável seu bom gosto ao vestir e tom de voz ponderado.
O que de fato é irritante são as imagens do corpo a corpo a que ele se submete. Pessoas como ele (e aqui deixo escapar o eu biográfico), se sentem totalmente invadidas quando obrigadas a falar com uma multidão desconhecida. Não que seja um cidadão avesso ao contato às classes, mas tenha dó. Vê-lo abraçando criancinha remelenta é o fim. Chega a ser incômodo perceber a que se submete um candidato. Nessas horas vêm a mente a questão do sujeitar-se para atingir um objetivo. Não sei se é magnânimo ou medíocre.
Enfim, o que é mais assustador é ponderar a situação de São Paulo, como disse anteriormente (leia a matéria Periferia do dia 21 de setembro). Não é questionador perceber que a cidade vinha sendo comandada por um cidadão – que aparentemente levava o comando da situação – e que logo após a sua saída, existem ônibus incendiados, policiais assassinados, rebeliões em presídios e toque de recolher? A custa de que o barril de pólvora não era acendido?
Que tipo de acordos foram firmados em épocas anteriores e perderam a validade com a finalização de seu mandato? Não é estranho só agora pensarem em bloquear celulares dentro de presídios (já que é impossível uma revista eficaz com o objetivo de evitar a entrada de aparelhos)? Não é estranho alicerçar uma campanha em segurança quando ao contrário do que se parece nunca houve tanta regalia aos detentos quanto no último mandato do governo paulista?
Que me perdoe meu novo amigo de velhos carnavais - economista e quiçá ditador mundial - , mas alíquotas e índices favoráveis da balança não são suficientes para estabilizar o pêndulo da insegurança pública que afirmo, deve ser ponderada.
Depois falamos da nossa estridente Heloísa Helena. Jamais uma mulher encarnou uma personagem com tanta força como ela o faz. Ou alguém duvida que estamos lidando com uma autêntica “paraíba masculina mulé macho sim sinhô”? Sim, porque é notório que a candidata optou por uma masculinização para provar-se mulher de fibra. Seu discurso é defendido por uma imagem com ares de Joana D'arc.
Heloísa Helena perde o que tem de melhor. O fato de ser mulher e como tal a primeira representante em um mundo até então comandado por homens (excluindo a tentativa frustrada de Roseana Sarney a uma ameaça de candidatura, nas últimas eleições). Como mulher, deveria se apoiar nisso, fazer-se valer pela diferença, encantando com o protótipo Camila Pitanga do planalto.
Mas não, a candidata prefere desfilar sua feminilidade camuflada com girassóis na mão e batas dignas de postulantes ao convento. Sua vasta cabeleira (objeto de sedução para muitos) mantêm-se presa, tolindo certa sensualidade, e sua voz (por Deus!), ganha uma tecitura insuportável em qualquer pré-resposta ao ser entrevistada. A candidata nunca permite que um jornalista termine uma pergunta.
Carrega uma má educação que nada condiz com sua estatura pequenina. E perde seu tempo prometendo se transformar em Nero e tacar fogo em Roma. Sobre suas propostas, Heloísa Helena promete mundos e fundos, porém sem explicar como conseguirá. Parece adormecida em formol dentro de um diretório acadêmico no meio de estudantes subversivos. Sua grande vontade é pegar o Lula lá fora.
Cristóvam Buarque é na opinião desta coluna o candidato mais sensato. Por um simples motivo preza pela educação. "- Mas candidato o que o senhor fará pela fome?" "E pela saúde?" "E pela reforma agrária?" "- Educação, educação e educação." De certa forma tem lá sua razão. A casa defende - por experiência - que todo projeto social só ganha valor se for em forma de educação.
Assistencialismo é passível de mau costume. A educação é sem duvida pilar de qualquer sociedade. Vide Cuba. Mas e quanto a Cristóvam? O candidato aparenta ser uma daquelas pessoas que quando deixadas sozinhas durante certo tempo acabam dormindo. Vivem uma morosidade até no falar. Cristóvam é um títere e como tal deve-se levar em consideração seu manipulador.
Quem é a mão que comanda esse boneco? Cristóvam tem voz mediana, pensamento mediano e estatura mediana. Até que para um próximo governo pensar mediano não seria mal, mas seria difícil viver com a máxima: livro pra comida e prato pra educação...
Por fim a situação. É engraçado ter um partido de esquerda no poder, por que a direita acaba se tornando oposição...Enfim, o candidato Lula da Silva é a situação. E nossa situação agora é a discutida. Lula é o retrato brasileiro típico. Pouco letrado, mas com grande carisma. Tem ginga no pé e língua afiada. Não dispensa uma boa oportunidade de afeto. É passional demais, e consegue despertar essa passionalidade em seus candidatos.
Não fosse assim não teria tantos eleitores. Aliás o candidato desperta certa relação de amor e ódio entre seus eleitores. Pergunte a quem vai votar nele. Certamente não saberão explicar o porque, mas irão votar. Pelo simples fato de ver-se refletido num guerreiro. Lula estampa a marca do suburbano típico, que dá duro para atingir seus ideais.
Claro que devemos questionar sobre sua conduta. Afinal, por muito menos Pilatos se tornou um vilão na história da humanidade, por um simples gesto de lavar suas mãos. Lula parece não Ter opinião própria. Nunca! Parece ser sempre acessorado. O fato de não aceitar participar de um debate público reflete bem essa situação. Lula tem carisma com as multidões. Se criou no palanque e no megafone. Sempre teve dedos para apontar os defeitos dos mandatos alheios, mas quando o assunto é seu governo, opta pelo mindinho perdido (Deus, que comentário maldoso!).
Lula prometeu ser Getúlio, e se tornou qualquer coisa aquém. Criou uma miríade de bolsas assistenciais e esqueceu do incentivo ao crescimento pessoal. Sequer pensou em crescer. Fez do seu governo a desilusão de um povo que acreditava que o povo era pelo povo e se tornou elite. Lula é cult. Faz moda. Sua espontaneidade desbanca o Amaury Júnior. Fala o que não deve falar, e deixa de fazer o que é pra fazer. Lula é o exemplo de um personagem criado e dele (parafraseando a Regina Duarte), eu tenho medo.
Fica aqui o apelo pela conscientização do povo para o dia de hoje - e os dias que virão!
Maiores informações dos candidatos cliquem aqui:
www.psdb.org.br
www.heloisahelena.com.br
www.cristovam12.com.br
www.lula.org.br

Excelente matéria.. a análise do perfil psicológico dos candidatos é digna de profissional.
Essa sensibilidade de ler os cadidatos através da sua postura, da sua linguagem corporal, enxergar além do que fora dito....
Isso é realmente sensacional.
Parabéns !!!
Beija-flor