21 setembro, 2006
Periferia
Dia desses estive em São Paulo, e como todas as vezes anteriores parti prometendo voltar com mais calma. Jurei agendar uma visita mais detalhada à cidade. Mais cultural e com maior benevolência aos usuários de expressões como: “mina”, “mano”, “tá me tirando?” e “pinto”. Esse último referente ao pênis e não ao filhote da galinha.

Fato é: paulista fala pinto. Não falo dos meninos paulistinhas, filhos do Morumbi ou dos Jardins, bairros classe A, da classe A do país. Falo dos marmanjões barbados que se referem a si próprios como granjeiros, donos de que?! De pintos! Mas esse não é o cerne da questão. O espantoso é o clima de caos urbano que assola a cidade e que fatidicamente não conseguimos perceber pelas reportagens hermeticamente bem editadas pelo Jornal Nacional.

Em se tratando de Bósnia, São Paulo não está aquém. Não estranhe ao receber a conta do restaurante, antes de pedir a saideira. O motivo? O toque de recolher. Sim, em Sampa há toque de recolher, e não é informal, é padrão. Não se sabe exatamente como começou. Provavelmente quando uma daquelas belas casas noturnas do centro paulistano decidiu fechar as portas temendo a volta pra casa. Em alguns dias outras imitaram e a coisa se estendeu virando hábito.

Logo São Paulo? Internacionalmente conhecida pela sua noite interminável... Uma noite de qualidade como a praticada antes, agora é lembrança do passado. Tal qual, nossa mais tenra memória saudosista das épocas em que podíamos ficar até tarde nas ruas jogando conversa fora. Na época em que (aos nossos olhos) não havia violência e a polícia era “bacana as pampa”.

Assustou-me o comportamento dos paulistas e a fácil adaptabilidade à lei imposta pelos fora da lei. A pré-night se transformou em pós-night, e a vodka com red-bull (entorpecente clássico da juventude classe-mediana), agora fica gelando até o retorno pro hotel.

A razão da mudança? Política!

Por essa razão começamos agora uma campanha de conscientização eleitoral.



E se você não se interessar pelo assunto, vá segurar um pinto!



[Em São Paulo, subúrbio é periferia!
Funk é hip hop,
e meu suburbano coração é o programa da Regina Casé.]

 
posted by meu suburbano coração at 21.9.06 | Permalink |


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