12 setembro, 2006
Carta apócrifa de um descobridor

[ Para ser lido com sotaque lusitano, ora pois!]

A brisa do mar arranha meu rosto, não agüento mais vomitar.
Há ratos por todos os cantos e já se vão mais de quarenta dias que não vejo graça em me masturbar.
Confesso-vos que começo achar o gajo da proa com certos ares jeitosos.
A fome me consome, mas já não quero comer (só para não ter que obrar).
Tudo fica pior quando este tal de Henrique – o dito frei – começa suas orações em latim. Vez ou outra, ocorre uma briga no convés e um acaba ferido.
Na última semana, ou terá sido no ultimo mês? Um dos marinheiros foi esfaqueado, e não haviam suprimentos para curar suas feridas.
O demos de comida aos tubarões.
O cheiro da água salgada é pior que o da merda acumulada no porão.
Se alguém me oferecer mais um prato de peixe, te juro que o faço caminhar na prancha.
Cá estou eu, no meio do nada.
Quanto mais longe estamos, mais quente fica.
Todo o tipo de doença de pele se assoma ao meu corpo.
Minhas vestes já não servem nem mais para os giras.
Acho que me aproximo do centro da terra. Ou do inferno, o que chegar dantes.
Em noites de lua cheia, me afasto de todos e os vejo numa mistura de alegria e loucura que os assolam as madrugadas.
As lendas do mar enfeitam a imaginação desta gente, que já começa a sonhar com uma civilização onde há ouro e as mulheres andam nuas.
E todos os dias me pergunto:
- Raios! Donde diabos está a tal Ilha de Santa Cruz?
 
posted by meu suburbano coração at 12.9.06 | Permalink |


1 Comentários:


At quarta-feira, setembro 13, 2006 7:56:00 PM, Anonymous Anônimo

querido amigo,

adoro você exercitando a arte de... ser você mesmo.
Sua idéia é ótima seu site tb.
Como eu já te disse, eu vejo muito sucesso para você.
um beijão.